Archive for 2013
Bibliografia
By : Identidade e Cultura.jpg)
Identidades líquidas.
BAUMAN,Z. Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.
Identidade, cultura, gênero e diversidade sexual.
LOPES,F.Masculinidades: reflexões em torno de seus
aspectos históricos, culturais e sociais.

Identidade, cultura e religião
CUNHA, F. O véu e a construção de uma identidade muçulmana, In: CUNHA, F., Véu sobre a rua Halfeld: um estudo sobre as mulheres muçulmanas da mesquita de Juiz de Fora e o uso do Véu. Juiz de Fora, UFJF, dissertação de mestrado. p. 86-98.
Resultados
By : Identidade e Cultura
Objeto de Estudo
Grupo Prisma UFABC.
“Eu não concordo com o que você
disse, mas eu lutaria até a morte para que você tenha o direito de dizer.”
Para
um de seus fundadores, Rodrigo Silva, o principal objetivo do Prisma é o
acolhimento, no meio acadêmico, de alunos que vivenciam de alguma forma a
diversidade sexual e a liberdade afetiva. Seria um ponto de apoio, um espaço
aberto a discutir os conflitos de manifestar diferentes identidades sexuais.
Numa das primeiras páginas da internet atribuídas ao Prisma e que hoje se
encontra desativada, encontramos a seguinte frase que definia o objetivo do
grupo: “Mostrar que cada um de nós temos
os mesmos medos e anseios, e que todos lutamos por uma universidade melhor e
mais inclusiva, contribuindo assim para a formação de uma sociedade mais
igualitária, voltada ao verdadeiro e mais importante progresso da humanidade: o
das IDÉIAS!”.
O
Prisma trazia então para dentro da UFABC a luta pelo respeito a igualdade entre
os gêneros e entre as identidades sexuais. Sua fundação é atribuída aos alunos
Rodrigo Brapesi, Nana Laura e Juliano Marques Nunes. Seu primeiro momento foi
em uma comunidade no Orkut chamada “Aquarela UFABC”, inspirada na comunidade
LGBT da USP, Aquarela USP. A partir de março de 2009, o grupo foi reformulado a
partir de uma conversa entre os três fundadores e ampliado passando a se organizar
em torno do nome Prisma UFABC. Em 2010, a comunidade migrou para o Facebook
onde foi crescendo em número de participantes, sendo hoje um número superior a
200 participantes, em sua maioria alunos, mas tendo também TAs e docentes entre
seus membros.
Até este momento, o Prisma restringia sua atuação ao espaço virtual, mas percebia-se pelos fóruns de conversas na comunidade que havia espaço para ir além do meio virtual. O grupo poderia ser mais atuante a partir de reuniões presenciais para discutir problemas que afetavam seus membros dentro e fora do ambiente acadêmico. Então, a partir de 2011, começaram a organizar encontros semanais na universidade. Esses encontros eram muito procurados e chegavam a lotar as salas onde se reuniam. Para Rodrigo Silva esse passo foi muito importante, pois “era a oportunidade de trabalharmos de forma prática a proposta de integração do público LGBT, através da promoção da união, estímulo pessoal, companheirismo e potencialização daqueles que querem realmente arregaçar as mangas por um ambiente melhor, no meio acadêmico, no trabalho e na sociedade como um todo”. Os temas tratados eram diversos, passavam pelo preconceito dentro da universidade, dificuldades em se assumir homoafetivo, assuntos que estavam na agenda do movimento LGBT como a união civil homoafetiva, temas religiosos. Era um leque aberto de temas. Com o tempo, as reuniões presenciais foram sendo colocadas de lado ate que foram suspensas, voltando o grupo a se comunicar através da comunidade no Facebook.
Recentemente,
como forma de resgatar esse espaço fora do mundo virtual, surgiu um braço mais
militante do Prisma, o UFABC Diversidade. Sua proposta é trazer mais
visibilidade às questões de gênero e diversidade sexual dentro da universidade,
servindo como instrumento de promoção da igualdade, cidadania e integração
entre alunos, professores, técnicos administrativos e comunidade em geral
dentro e fora da UFABC, em prol da comunidade LGBT. Sua atividade mais recente
se deu na semana de integração de novos alunos onde pôde se expor aos
ingressantes.
Rodrigo Silva, um dos fundadores do
Prisma na Semana de Integração 2013.
As apresentações do UFABC Diversidade aos ingressantes de 2013, foram pautadas nos primeiros artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, que dizem:
- Artigo I: “Todas as pessoas nascem
livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e
devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.”
- Artigo II, diz: “Toda pessoa tem
capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta
Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua,
religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social,
riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.”
Nessa
apresentação também foram apresentados os ideais sobre os quais se construiu o
Diversidade UFABC:
- O reconhecimento da dignidade
inerente a todo e qualquer ser humano, sendo esse o fundamento da liberdade, da
justiça e da paz;
- O reconhecimento que o desprezo e o
desrespeito pelos direitos humanos resultam em atos bárbaros que envergonham a
consciência da humanidade (inquisição, holocausto, apartheid), declarando que
um mundo onde todos possam ter liberdade de palavra, de crença e de viverem a
salvo do temor e das necessidades devem ser as maiores aspirações do homem.
Nessa
ocasião também foi apresentado um vídeo produzido pela ONU e distribuídos
panfletos. Como forma de chamar atenção a uma questão ligada a causa LGBT foram
apresentadas algumas imagens que ilustravam a perseguição que a comunidade gay
sofreu recentemente nos Estados Unidos pelos setores mais conservadores
(ligados às igrejas protestantes), antes de ter sido aprovada esse ano a lei
que permite a união civil nacional entre LGBTs.
O
UFABC Diversidade pretende ser um grupo mais atuante dentro da universidade e
pretende elaborar e participar de ações que vão desde a capacitação de funcionários, o
auxílio no apoio psicológico e legal e encontros de um grupo de discussão para
conscientização, reconhecimento e valorização de uma parcela da sociedade que é
socialmente reprimida e marginalizada por expor algumas das características da
individualidade e pluralidade da natureza humana.
O
Diversidade pretende lutar pela institucionalização do grupo para fortalecer
suas ações, conquistando um espaço físico próprio dentro da universidade além
de verbas que seriam importante para execução de alguns projetos que promovem o
respeito a diferença dentro da UFABC e no seu entorno.
O
Diversidade tem um número bem menor de integrantes, cerca de 30 membros, mas
isso se deve a própria característica mais militante do grupo que exige mais
exposição, mais dedicação e envolvimento. Com o tempo, o Prisma assumiu um
caráter mais de promoção da convivência dentro do grupo mesmo enquanto o
movimento do diversidade é exógeno. A expectativa dos integrantes do UFABC
Diversidade é pelo seu crescimento a partir de novos ingressantes, pois entende
que os que fazem parte do Prisma e poderia também se agregar esse novo grupo,
já o fizeram.
Resultados Parciais.
Inicialmente nossa
intenção era pesquisar apenas as questões religiosas que afetariam o universo
LGBT, mas as entrevistas realizadas apontaram também para uma realidade um
pouco diferente da que pensávamos em relação também a relação do mundo
acadêmico e os indivíduos de identidade sexual diferente da heteronormativa.
Desta forma, apontaremos nossos resultados em duas direções.
A primeira apresentada se
refere às dificuldades enfrentadas e reveladas por integrantes do Prisma na
UFABC, relacionadas as manifestações da identidade sexual. Em seguida,
trataremos das questões apresentadas do conflito entre religião e diversidade
sexual.
1
- UFABC e a Diversidade
Essa
percepção da necessidade de falar da diversidade dentro da UFABC apareceu logo
na primeira das entrevistas realizadas quando foi relatada uma série de
situações vividas dentro da universidade e que demonstravam que o ambiente era
tão discriminador quanto qualquer outro, quebrando nossa impressão de que o
meio acadêmico seria menos propício a estes acontecimentos.
Em
uma das entrevistas com um dos membros ativos do Prisma e da UFABC, resolvemos
perguntar sobre a existência e frequência de relatos de situações vexatórias
ocorridas no ambiente acadêmico e foi respondido que acontece com certa
frequência, principalmente com aqueles que se expõem mais, que demonstram mais
afetividade em público com pessoas do mesmo sexo. Uma das situações mais
relatadas se referem a manifestação pública de afeto nas festas da
universidade. Outra situação exposta se refere ao assédio moral de Técnicos
Administrativos (TAs) que assumem sua identidade sexual no ambiente de
trabalho, existindo inclusive caso de processo disciplinar contra supervisor.
Constante também, foi o relato de comentários preconceituosos ao LGBTs não
assumidos: na ignorância de que o colega é homoafetivo, diz-se muita coisa
inadequada e ofensiva ao grupo LGBT, situação que tem que se responder com o
silêncio para não precisar se assumir.
Uma
das expressões maiores dessa repressão enfrentada pelo LGBT dentro da
universidade é a opção tomada de forma democrática dentro do Prisma de tornar-se
um grupo fechado e de status secreto dentro do Facebook. A maioria dos
integrantes, temendo exposição, optaram por dar este caráter secreto ao grupo e
as principais razões expostas foram: o medo da rejeição pelos colegas por
pertencer a um grupo de apoio a diversidade sexual, o receio de ser excluído de
outros grupos (neste momento foram citados Atlética e GEB – Grupo de Estudos
Bíblicos). Um outro ponto importante exposto como justificativa pra o sigilo,
foi o fato de o Prisma aparecer na linha do tempo no Facebook, podendo
comprometer o integrante entre seus familiares e amigos de fora da
universidade. Quanto aos heterossexuais, o maior receio era estar associado a
imagem LGBT e ser confundido como tal.
Percebe-se
que embora o meio acadêmico seja mais favorável a diversidade, os preconceitos
presentes em outros segmentos sócias também são presentes e na mesma
intensidade e desta forma entende-se a necessidade de um grupo mais militante
para promover a integração dos diversas identidades e minimizar os conflitos.
2
– Diversidade e Religiosidade.
Nesse
ponto, o grupo revelou que existe em certa medida impacto na vida dos
homoafetivos em função de questões religiosas. O grau de pertinência de valores
cristãos disseminados, dependem muito de quanto estes valores estiveram
presentes na fase mais jovem desses indivíduos. Por exemplo, aqueles que
apontaram na entrevista que vinha de famílias com forte tradições religiosas
cristãs, também apontaram maior dificuldade em assimilar sua identidade e
assumi-la. Geralmente estas pessoas se afastaram dessas igrejas, mesmo se
identificando com aquela fé. Outros se afastam da igreja e abandonaram também a
fé naquela religião. Esse grupo que tem família muito ligada a tradições
religiosas também revelou conflitos familiares e muitas vezes afastamento total
da família, tendo que viver em repúblicas ou casa de amigos.
Outros
pontos foram trazidos a conversa como a questão da invasão de religiosos no
meio político de forma despreparada e trazendo atraso às discussões de interesse
do grupo LGBT. Às questões que envolvem o conceito de família e a união
homoafetiva foram muito citadas.
Para
o grupo que se apresentou longe de tradições religiosas, os conflitos se davam
mais num contexto social mais aberto. Não se falou em problemas dentro da
família. Os maiores problemas citados vem de pessoas desconhecidas ou do
preconceito velado e também do discurso vindo de personalidades que não tem
simpatia pela causa homoafetiva. Ainda assim, percebem que existe algum teor
religioso disseminado nos conflitos entre os LGBTs e outros setores da
sociedade.
Podemos
perceber que direta ou indiretamente, existe alguma influência na construção
das identidades a partir daquilo que as religiões pregam. Não que se deixe de
ser isso ou aquilo em função de uma religião, mas que torna-se mais conflituoso
a aceitação de sua condição não heteronormativa, e a partir da publicidade
dessa condição, a vida torna-se mais difícil em muitos casos. Em função de
crenças religiosas muitas vezes priva-se o homoafetivo do próprio meio
religioso, da família e de diversos espaços sociais e possibilidades de
direitos que tem os heteronormativos.
Como
tínhamos um número reduzido de entrevistas, optamos trabalhar uma pesquisa no
meio virtual convidando apenas membros do Prisma a participar para termos uma
visão mais ampla da posição do grupo quanto ao nosso tema (o descritivo desta
pesquisa encontra-se na sessão Diário de Bordo deste blog). Foram feitas
perguntas com a intensão de perceber se o grupo concorda que existe algum grau
de intolerância no discurso cristão apresentado contemporaneamente. Abordou-se
também a percepção de discriminação dentro da UFABC. Se manifestaram 35
integrantes.
Entrevistas
By : Identidade e Cultura
Entrevista JVM – 25
Essa entrevista foi realizada no Campus de Santo André numa tarde de segunda-feira. Talvez uma das mais interessantes devido a emoção demonstrada pelo entrevistado quando contou sobre alguns momentos que contou com o apoio do seu pai ao assumir a homossexualidade. Também interessante seu relato sobre a relação com a igreja e suas experiências dentro da universidade. Dias depois, em outra entrevista, pude perceber que algumas informações sobre a relação das pessoas da UFABC com a diversidade sexual se repetiam, o que chamou minha atenção.
A entrevista durou cerca de 80 minutos e aqui serão expostos alguns momentos. Eu havia preparado um roteiro de perguntas, mas que foi reorganizado pela própria dinâmica da entrevista. Muitas vezes, a resposta a uma pergunta, já se misturava a outra que tinha em mente. Aqui serão expostas as partes que consideramos ilustra algumas dificuldades enfrentadas por jovem semelhantes a ele, pontos que de alguma forma foram recorrentes em outras entrevistas e principalmente partes que não o comprometam nem a outros eventualmente citados dentro da UFABC.
JVM é estudante do curso de Economia na UFABC, trabalhador de uma empresa de seguros e tem intensão de trabalhar no serviço público na área de Finanças Públicas. Com o pouco tempo que lhe sobra das atividades no trabalho e faculdade, procura alguma atividade de lazer, gosta muito de pedalar em grandes parques públicos como Parque Ecológico do Tietê e Ibirapuera.
IDENTIDADE - Como você define sua relação com Deus e com as religiões? Conte um pouco sobre sua história com o meio religiosos. Caso tenha sido participante de alguma denominação religiosa, ou ainda seja participante de alguma denominação, conte-nos como acontece essa relação.
JVM - Hoje tenho uma relação com Deus que independe de alguma igreja. Minha família é evangélica, participante da igreja Batista e desde criança convivi com esse grupo. Quando criança era levado por meus pais aos cultos e outras atividades na igreja, e gostava muito de estar lá. Tinha muitos amigos, brincávamos, íamos aos passeios e nas férias sempre tinha uma coisa chamada EBF que era como se fosse uma colônia de férias com ensinamentos da Bíblia. Era um tempo muito bom. Permaneci frequentando a igreja até poucos anos atrás. Me afastei já tinha 21 anos. A partir dos 15 ou 16 anos, foi ficando difícil lidar com aquele ambiente. Não se falava muito a respeito de sexualidade, pois se deduzia que todos ali tivessem a sua bem definida nos parâmetros cristãos, todo heterossexuais. Rapazes e moças formando pares, casamentos acontecendo e eu já tinha sentido que eu não seria assim. Já tinha entendido que gostava de outros homens. Era difícil conviver percebendo que aqueles amigos que tinha desde pequeno estavam formando pares e eu não podia porque queria estar com outro cara e não tinha como assumir isso ali. Algumas poucas vezes ouvia nos sermões que os homossexuais não iriam ao céu e são abominação para Deus e tinha que me conformar com minha condição de pecador. E tudo ficava mais difícil porque minha família já estava percebendo que algo estava errado e os mais próximos da igreja também. Meu pai foi o primeiro que teve coragem de chegar junto e conversar comigo. Ele foi o primeiro com que conversei e ele ficou muito triste e preocupado com meu futuro espiritual. Ele foi meu amigo, foi meu paizão nesse momento porque ele guardou isso só pra nós. Mas por algumas vezes tentou expulsar o demônio de mim. Com o tempo entendi que não fazia sentido permanecer ali, pois eu estava totalmente fora das regras e nesse momento que me decidi me afastar de vez, também assumi minha sexualidade. Foi um baque dentro de casa. Minha mãe e um tio meu chegaram a me bater desesperados e os primeiros meses foram bem difíceis ali dentro. Meu pai foi o que mais me apoiou, mesmo não aprovando minha condição. Não tive como ficar por muito tempo em casa porque diariamente tinha que passar por sessões de imposição de mãos, ouvia coisas que eu já conhecia e respeitava, mas que não tinha como seguir. Eu não tinha como jogar pra o alto tudo que conhecia e acreditava de valores bíblicos, mas também não tinha muito como segui-los integralmente. Hoje minha relação com Deus é bem conflituosa pois conheço sua verdade mas não a pratico. Faço minhas orações todos os dias, mas não sei ...
IDENTIDADE – Durante esse processo de percepção e afirmação da sexualidade, como foi lidar com valores religiosos disseminados socialmente? (Em algum momento você se questionou em função de algum valor religioso, questionou sua relação com Deus – caso acredite em Deus, em algum momento pensou em reorganizar esta orientação em função de valores religiosos).
JVM - Lidar com o que as igrejas diziam sobre mim era muito doloroso. Eu me sentia tendo que escolher entre uma coisa e outra, quando na verdade eu me sentia as duas coisas e não entendia a situação e ficava sempre procurando possíveis soluções para mudar minha orientação sexual. Teve um período que eu tinha medo de ir a igreja porque se falava muito em possessão e eu via programas da igreja Universal onde pessoas se manifestavam e eu achava que a qualquer momento eu iria manifestar algum demônio dentro da igreja e eu ficava muito com medo disso. Tinha também o lado de eu me sentir bem mais pecador que os outros. Parecia que eu via apenas aquilo como pecado e qualquer outra coisa era bem mais aceitável que ser gay. Era bem complicado, eu era adolescente e não tinha muita coisa na cabeça pra lidar com isso. Mesmo assim eu não me isolava das pessoas não, mas não tinha como ter muito apoio já que não queria abrir isso para os outros.
Eu questionava constantemente não os valores religiosos, mas a minha condição. Era uma luta diária pra buscar virar o jogo. Pensava em namorar garotas, mas nem conseguia começar algum namoro. Não me atraía mesmo. Eu tinha vontade de tentar mas não queria me submeter a isso.
IDENTIDADE – Considera que existe intolerância por parte de alguma denominação religiosa contra a diversidade sexual, ou o termo intolerância, nesse caso é inadequado? Existiria um exagero em considerar algum discurso religioso sobre a diversidade sexual como preconceituoso?
JVM - Eu não diria uma intolerância, como um ódio, mas como estar em desacordo com o que Deus quer. Ao menos vejo assim a postura da maioria dos que conheço. Como sempre estive bem perto desse meio, a mensagem que sempre ouvi foi de possibilidade de transformação ... Mas ela é uma mensagem que dói porque nos coloca como algo ruim, contrário a Deus, contrário a natureza humana e isso se torna pior quando dito por certas pessoas que parecem ter um preconceito que se esconde atrás da fé. Algumas pessoas, realmente creem na Bíblia e querem te oferecer outra possibilidade de vida, mas outras parecem que usam isso só pra te chatear, pra expor seu preconceito buscando algum fundamento. Nesse sentido acho que existe intolerância.
IDENTIDADE – Considera que algum discurso religiosos, direta ou indiretamente, afeta de forma prática a liberdade ou os espaços, as conquistas do público LGBTs? Poderia citar exemplos disso? Você já foi sentiu-se afetado de alguma forma pelo discurso religioso?
JVM - Sem dúvida sim. O primeiro espaço que o discurso compromete é o próprio templo religioso. Eu gostaria de continuar frequentando uma igreja Batista, por que me sinto muito bem com sua dinâmica, mas você não é bem aceito como gay ali pela maioria das pessoas. Você é mais aceito quando você diz que quer mudar, que quer se manter longe das práticas homossexuais. Esse é o primeiro espaço que lhe é proibido. Fora das igrejas, acredito que certas conquistas são dificultadas por esse discurso do gay contra Deus estar inserido em muitas pessoas culturalmente. Somos um país cristão e logicamente, os valores cristãos influenciam boa parte de nosso comportamento enquanto indivíduos e enquanto grupos. O conceito de família por exemplo, os gays não podem constituir família, em boa parte por que esse conceito tem fundamentação em valores cristãos da família e da procriação. Se pensarmos nas questões legislativas, de forma prática, membros do legislativo que se afirmam conservadores cristãos são os que mais se opõem às causas gays. Eu sempre me pergunto por que se preocupar no mundo do direito com coisas que só tem consequências no mundo espiritual?
IDENTIDADE – A Bíblia é um dos símbolos mais fortes do Cristianismo, e em determinados trecho se coloca contrário a práticas diferentes da heterossexual. Qual sua posição sobre o Livro Sagrado, e como você observa o uso de sua mensagem contemporaneamente?
JVM - Eu creio na Bíblia sim e é um dos meus maiores conflitos por que sei de vários trechos que as práticas sexuais dos gays são condenadas. Não sei o que dizer a respeito além de me deixar mais aflito sobre mim mesmo. Até hoje não tenho uma relação fixa por causa do que conheço da Bíblia e por acreditar nela e acho que teria até faria mais sexo se não fosse essa visão que tenho da Bíblia e de Deus.
IDENTIDADE – Considera ser possível uma relação pacífica entre homossexuais e cristãos? Caso sim, em que condições e como poderia chegar a este ponto? Caso não, de que mecanismos podemos nos valer para que os dois grupos tenham seu espaço garantido na sociedade?
JVM - Sim, considero possível desde que cada grupo ocupe seu espaço. Igrejas atuando de forma livre, mas naquilo que lhe compete que é o mundo espiritual e os grupos gays cuidando de seus interesses sem entrar tanto em conflito com outros grupos. Tem hora que acho exagerada essa coisa do preconceito e discriminação, parece que o movimento quer ser superior e não igual a outros grupos.
IDENTIDADE – Considera que os cristãos estejam vivendo um momento de discriminação? Digamos que, talvez em nome de algumas vozes intolerantes cristãs na mídia, a denominação tem sido taxada de intolerante?
JVM - Não, acho. Creio que eles estão vivendo um momento de liberdade religiosa, ao menos no Brasil, como nunca vi antes. E essa superexposição também os sujeita a discursos contrários ao seu. E de outra forma, tem umas pessoas aí se afirmando cristãos que provocam reações fortes por causa do que dizem. Mas acho que são casos isolados.
IDENTIDADE – Certamente existem outros discursos que podem ser preconceituosos além do viés religioso. Você poderia nos citar outros com os quais tem ou teve contato? Quais as frases que considera preconceituosas que tem contato com mais frequência?
JVM - Ouço muita coisa, piadas, coisas nos associando a doenças emocionais, o velho dizer que as relações homossexuais comprometem a existência da humanidade. Não acho que o espaço conquistado na sociedade mudou muita coisa na cabeça das pessoas, isso vai acontecer de forma mais lenta que a conquista de espaços e direitos.
IDENTIDADE – No meio acadêmico (dentro da UFABC), você já foi submetido a alguma discriminação em função de sua orientação sexual? (Caso sim, aponte se foi por parte de outro aluno, de TA, de Docente, de Segurança e caso sinta-se a vontade, relate brevemente). Nessa situação, caso tenha acontecido, percebeu-se alguma relação com valor religioso?
JVM - Eu não tenho um tipo tradicional do gay que todo mundo olha e diz “é gay”, então isso me afasta um pouco de discriminações. Mas sou constantemente questionado sobre porque nunca estou com uma parceira. Algumas vezes por as pessoas não saberem de minha orientação ouço coisas bem preconceituosas de colegas de turmas e de professores. Uma vez ouvi de um professor quando um colega com aparência bem gay passou em nossa frente que o mais difícil dentro das universidades públicas e ter que conviver com esse tipo de pessoas. Perguntei sobre que tipo de pessoas e ele respondeu: as pessoas que se expõem demais, certas coisas as pessoas devem guardar nos limites de sua casa. Eu geralmente não sofro discriminação porque nem todos sabem quem sou, mas tenho que ouvir coisas a respeito de mim sem poder revidar.
IDENTIDADE – O meio acadêmico costuma ser considerado mais livre de preconceitos e mais propício às diversidades. Considera que esta ideia se aplica a UFABC? Aponte suas razões para sua resposta e possíveis rumos que podemos tomar para aproximar a UFABC de uma espaço mais aconchegante às diversidades.
JVM - Não é bem assim. As pessoas que estão nas universidades são as mesmas que estão lá fora e trazem seus valores e preconceitos juntos. A UFABC tenta ser diferente, mas as pessoas também são as mesmas que estão lá fora. Eu vejo que parece haver mais liberdade para se mostrar diferente porque não há normas orientando o contrário, mas a repressão dos olhares, dos comentários, dos grupos e espaços que gays podem ou não ocupar não são diferentes do que vejo em outros lugares. A universidade não é um mundo a parte.
IDENTIDADE – Qual foi a importância do Prisma na sua integração ao meio acadêmico?
JVM - O Prisma foi muito importante não só para o meio acadêmico, até por que não entrei de cara no Prisma, demorei um pouco para saber que ele existia. Mas o contato com outros que compartilham de dificuldades semelhantes, saber que dentro da universidade existem outros iguais a mim é confortante. Eu pude fazer alguns amigos ali com que compartilho as minhas dificuldades de dentro e de fora da universidade. Eu não vejo o grupo atuando tanto, mas acho um espaço importante de apoio ao gay ou lésbica que entra na UFABC.
Entrevista SBR - 29
Esta entrevista foi realizada em um domingo à tarde, na residência
de RBS. O entrevistado parecia estar à vontade e estava acompanhado de seu
companheiro com quem se relaciona há mais de cinco anos. Na entrada do
apartamento, observei a presença de um símbolo cristão, Jesus Crucificado,
sobre a porta, o que me fez acreditar que o entrevistado tinha alguma relação
com a fé cristã. Pude conversar um pouco sobre diversos assuntos antes da
entrevista em si e percebi uma pessoa bem articulada e envolvida com as
questões LGBTs. A conversa se estendeu por algumas horas e tratou-se desde o
Prisma, o movimento LGBT e um pouco de sua vida pessoal.
SBR trabalha em período integral como gerente de garantia da
qualidade em uma indústria alimentícia localizada na zona leste de São Paulo.
Estudante de Bacharelado em Ciência e Tecnologia e Engenharia de Materiais na
Universidade Federal do ABC. Espírita Kardecista. Integrante dos grupos Prisma
UFABC e UFABC Diversidade. Aprecia músicas (principalmente anos 80), cinema e
gastronomia. Viajou bastante o que o colocou em contato com diversas culturas.
A seguir, alguns trechos de sua entrevista.
IDENTIDADE -
Como você define sua relação com Deus e com as religiões? Conte um pouco sobre
sua história com o meio religiosos. Caso tenha sido participante de alguma
denominação religiosa, ou ainda seja participante de alguma denominação,
conte-nos como acontece essa relação.
SBR - Nascido em
família católica não praticante, adotei o protestantismo (denominação Assembléia
de Deus) aos 10 anos, por influência de minha avó. Passei metade da
adolescência frequentando essa igreja até vislumbrar certos conflitos entre a
prática religiosa específica da denominação e minha sexualidade. Adotei o
espiritismo em 2003, por influência do meu primeiro namorado e sua mãe, ambos
médiuns. Não sou frequentador de nenhum centro espírita, apenas sigo e acredito
na filosofia.
IDENTIDADE – Conte-nos um pouco sobre seu processo de percepção da sexualidade e sobre alguma eventual dificuldade nesse processo.
SBR - Considero-me
bissexual, com tendência majoritária à homossexualidade. Durante a adolescência
tive as primeiras experiências sexuais com homens e mulheres, o que deixou
claro para mim a predileção por relacionar-me com homens. Após alguns conflitos
psicológicos a respeito dessa situação, vi-me aceito por volta dos 18 anos.
Nessa idade, contei para minha mãe e minha irmã, vindo a me sentir liberto
completamente apenas em 2003, já com 22 anos, após revelar ao meu pai (o último
integrante do círculo familiar mais íntimo). Foi um processo solitário. Não
tive nenhum amigo gay nessa fase de aceitação, e considero essa a principal
razão das minhas dificuldades.
IDENTIDADE – Durante esse processo de percepção e afirmação da sexualidade, teve dificuldade em lidar com valores religiosos disseminados socialmente? Em algum momento você se questionou em função de algum valor religioso, questionou sua relação com Deus, em algum momento pensou em reorganizar esta orientação em função de valores religiosos?
SBR - Sim, ao
mesmo tempo em que eu aceitava melhor minha sexualidade, avaliando outros
valores morais relevantes do ser humano, acabei por desligar-me da igreja
evangélica por esses não serem compatíveis com os dogmas dela. Apenas com o
espiritismo kardecista, que também é uma religião cristã, consegui conciliar
minha crença com a questão da minha sexualidade, sem nenhuma forma de conflito,
penitência ou julgo.
IDENTIDADE – Considera que existe intolerância por parte de alguma denominação religiosa contra a diversidade sexual, ou o termo intolerância, nesse caso é inadequado? Existiria um exagero em considerar algum discurso religioso sobre a diversidade sexual como preconceituoso?
SBR - Considero
sim que grande parte das religiões cristãs possui entre seus dogmas uma
interpretação negativa a respeito da homossexualidade. Essa interpretação,
apesar de ter o mesmo peso de outras “faltas” ou “pecados” do homem descritos
na Bíblia, principal livro das religiões cristãs, acho ser muito mais explorada
e questionada pelos líderes dessas denominações em seus discursos, o que
intencionalmente ou não, direta ou indiretamente, fomenta o preconceito a
partir de uma justificativa religiosa.
IDENTIDADE - Considera que algum discurso religiosos, direta ou indiretamente, afeta de forma prática a liberdade ou os espaços, as conquistas do público LGBTs? Poderia citar exemplos disso? Você já foi sentiu-se afetado de alguma forma pelo discurso religioso?
SBR - Sim. O
próprio ingresso em templos religiosos é o principal exemplo desse cerceamento
à liberdade. Naqueles nos quais é possível entrar, sendo abertamente LGBT,
sempre haverá a intenção de “convertê-lo” ou “livrá-lo” dessa situação. Já vi
exemplos estapafúrdios dessa influência, como uma reportagem na qual um punk
homofóbico justificava a agressão física contra homossexuais baseado nas leis
da Bíblia.
IDENTIDADE - A Bíblia é um dos símbolos mais fortes do Cristianismo, e em determinados trecho se coloca contrário a práticas diferentes da heterossexual. Qual sua posição sobre o Livro Sagrado, e como você observa o uso de sua mensagem contemporaneamente?
SBR - Creio hoje
que a única coisa de sagrada na Bíblia é sua mensagem principal, de amor a Deus
e a o próximo. Não enxergo nela um livro sagrado, até porque acredito na importância
também das mensagens de outros textos, de outras religiões, como o Alcorão, os
Vedas e os ensinamentos budistas. Creio que muitas das descrições de pecados e
punições da Bíblia são consequência de certos atos prejudiciais praticados à
época da escrita de certos textos, de forma a coibir certos comportamentos que
eram tidos como errados pelos grandes líderes do povo judaico, principalmente.
Hoje, creio que a mensagem principal deva ser a do amor a Deus e ao próximo,
centrando-se mais nos ensinamentos do Novo Testamento que do Velho Testamento. A
Bíblia condena o sexo sem fins reprodutivos, os meios contraceptivos, os
direitos da mulher e mais uma infinidade de questões praticadas abertamente por
diversos seguidores do cristianismo. Creio que isso acontece por conta de uma
nova interpretação dos textos, de acordo com os tempos atuais. Nessas
condições, creio que até a homossexualidade possa ser um dos aspectos encarados
da mesma forma: explicitamente condenável em alguns de seus textos, mas
socialmente aceito, dentro das questões do direito à liberdade de expressão.
IDENTIDADE – Considera que os cristãos estejam vivendo um momento de discriminação? Digamos que, talvez em nome de algumas vozes intolerantes cristãs na mídia, a denominação tem sido taxada de intolerante?
SBR - Creio que
uma maior visibilidade e maiores conquistas da comunidade LGBT tem provocado
uma reação contrária por diversos setores mais fundamentalistas das religiões
cristãs. No entanto, muitos daqueles que apoiam esse discurso na maior parte
das vezes preferem dar crédito aos líderes desses setores do que usar de bom
senso e analisar subjetivamente a situação, por temor de serem taxados de
contrários à religião pelos outros integrantes do grupo. Esse comportamento acaba
perpetuando o ódio e a reação discriminatória dos LGBT à essa postura. Acho
também que essa “discriminação” possa ser reflexo da real discriminação que os
evangélicos, principalmente, sempre sofreram no Brasil, por serem ainda uma
minoria religiosa, ainda que mais expressiva nos últimos anos. Há um histórico
de perseguição aos “crentes”, e vejo uma analogia a essa “perseguição” atual
aos evangélicos assim como os judeus justificam suas ações violentas no oriente
baseados no genocídio da Segunda Guerra.
IDENTIDADE – Certamente existem outros discursos que podem ser preconceituosos além do viés religioso. Você poderia nos citar outros com os quais tem ou teve contato? Quais as frases que considera preconceituosas que tem contato com mais frequência?
SBR - Creio que
a mais presente, depois da religiosa, é a pseudocientífica, que apregoa que a
homossexualidade não é “natural”, e que ela levaria a espécie à extinção. As
pessoas com esse discurso utilizam muito esse viés “biológico” para justificar
a não aceitação da homossexualidade, sem no entanto atentar para o fato de que
várias espécies na natureza possuem também comportamento homossexual ou
transexual.
IDENTIDADE – No meio acadêmico (dentro da UFABC), você já foi submetido a alguma discriminação em função de sua orientação sexual? Nessa situação, caso tenha acontecido, percebeu-se alguma relação com valor religioso?
SBR - Nunca fui
vítima de nenhuma discriminação em função da minha orientação sexual na UFABC.
Mas creio também que sou um aspecto isolado frente aos relatos que já ouvi de
vários colegas, como o de brincadeiras e violência em festas estudantis por
parte de estudantes ou outros convidados não pertencentes à UFABC, também com
omissão por parte dos seguranças, visivelmente por homofobia.
IDENTIDADE – O meio acadêmico costuma ser considerado mais livre de preconceitos e mais propício às diversidades. Considera que esta ideia se aplica a UFABC?
SBR - Discordo
dessa afirmativa. Tanto na UFABC quanto em outros meios acadêmicos ainda
enxergo aproximadamente o mesmo nível de preconceito à diversidade que na
sociedade em geral. Creio que essa é uma falsa ideia, que se torna evidente a
partir do momento que você também faz parte desse meio. Acredito que um espaço
mais aconchegante às diversidades será possível não apenas quando isso for
aplicado ao ensino superior, mas já no ensino fundamental as questões de
respeito à diversidade sexual, religiosa, étnica, de gênero e social devam ser
amplamente abordadas, discutidas e desmistificadas.
SBR - Apesar de
ser contra a segregação do público LGBT em “guetos”, a Prisma UFABC foi um meio
de se sentir mais à vontade para discutir e trocar experiências com pessoas que
partilham mais ou menos dos mesmos medos, anseios e conflitos que você. Nesse
ponto, creio que é uma importante ferramenta de integração ao LGBT ainda hoje,
mesmo que esse seja atualmente o único viés da Prisma UFABC. Até por isso, o
UFABC Diversidade, com um caráter mais militante, vem preencher essa lacuna nas
ações mais políticas e de integração dentro do meio acadêmico e da comunidade.
Entrevista LDG – 21
Esta entrevista foi realizada através de questionário enviado pelo Facebook. O entrevistado não tinha espaço em sua agenda para que fosse realizada pessoalmente e lhe encaminhamos uma série de perguntas que também foram feitas a outros membros do Prisma.
Atualmente LDG está desenvolvendo um projeto de iniciação científica voltado diretamente para a análise de textos, literatura do século XX e filosofia, é uma carga de leitura muito grande a qual se dedica bastante. Quando tem um tempo vai ao teatro ou ao cinema. Comentou em sua descrição inicial que faz algum tempo que não vai a exposições, mas também ‘curte’ bastante. Comentou também que quando era solteiro saia mais, ia a mais baladas, mas não era de sair ‘ficando’ com todo mundo. Sobre sua relação com Deus e as religiões afirma que “sempre fui mais família, mais reservado. Mais Taurino, por assim dizer. Meus pais nunca me impuseram nenhuma crença ou religião. Parto de um pensamento Deísta, de que Deus existe, porém não prático nenhum religião. Quando preciso de algo peço direto a ELE, sem intermédios. O mesmo faço quando agradeço por algo conquistado. Não participo de nenhuma causa ou luta, não pelo desinteresse, mas pela falta de tempo, mesmo”.
IDENTIDADE – Fale um pouco a seu respeito, como você percebeu sobre sua orientação sexual e como foi/é lidar com as religiões nesse contexto.
LDG - Sou Homossexual desde nascença. Acredito que todos saibam que o Gay nasce Gay. Já é um assunto do campo da Neurociência. Estudos que mapeiam o cérebro fotografaram diferenças sutis entre cérebros de Gays e Héteros. Desde os anos 70 ou 80, se não me engano, a organização mundial da saúde não classifica a condição como doença. Graças a Deus não tive nenhum problema quanto a minha homossexualidade. Dos 14 anos até os 20, claro, houve um conflito interno de ‘contar e não contar’, mas o meu ingresso na faculdade facilitou muito as coisas. Quando você vê que não é o único tudo melhora. Quanto a religiosidade, fui a diversas igrejas e pratiquei inúmeras religiões. De fato todos auxiliam o indivíduo de forma espiritual. Cheguei num ponto que a crença na minha capacidade e em Deus são o suficiente para seguir em frente. Parei de ir. O que nós vemos diariamente é um discurso de ódio e intolerância pregado pelas lideranças de religiões evangélicas, com destaque para as neo-pentecostais. Discurso voltado, não somente aos Gay, mas há outros grupos sociais. Até mesmo a mulher é subjugada por estes valores ultrapassados. Este é outro motivo do meu desinteresse. Outras religiões aceitam bem a homossexualidade, mas resolvi permanecer Deísta.
IDENTIDADE - Esse processo foi compartilhado com pessoas próximas? Qual foi o posicionamento de seus parentes durante este processo? Quem mais lhe apoiou ou mais atrapalhou durante este processo?
LDG - Contei primeiro para os amigos e o mais engraçado é escutar: “Eu já sabia!”. Quando comecei meu namoro, vi que seria sério, tomei coragem e contei para os meus pais. Meu Namorado me deu bastante apoio. Estava eu, em um domingo como qualquer outro, sentado de frente aos meus pais e chorando “litros e litros” de lágrimas. Meus Pais simplesmente não tiverem nenhum reação imediata. Os dois me abraçaram e foram muito compreensíveis. Minha mãe falou que não se importava e que o importante era ser honesto. Meus pai, quem diria, disse: “Eu já sabia!”.
IDENTIDADE - Durante esse processo de percepção e afirmação da sexualidade, como foi lidar com valores religiosos disseminados socialmente? (Em algum momento você se questionou em função de algum valor religioso, questionou sua relação com Deus – caso acredite em Deus, em algum momento pensou em reorganizar esta orientação em função de valores religiosos).
LDG - Acho que Deus, ou as religiões que falam por ele, pregam o respeito e o amor, como até mesmo Jesus o fez, saindo ao lado de prostitutas, cobradores de impostos e outros elementos sociais desprezados. Nunca tive nenhum conflito religioso, estava preocupado com o conflito social. Aquilo que é tangível. Seu um dia eu morrer e descobrir que estava errado, paciência, mas duvido que Deus seja intolerante. Ele sempre me ajudou, mesmo sabendo antes de todos que eu era Gay.
IDENTIDADE - Considera que existe intolerância por parte de alguma denominação religiosa contra a diversidade sexual, ou o termo intolerância, nesse caso é inadequado? Existiria um exagero em considerar algum discurso religioso sobre a diversidade sexual como preconceituoso?
LDG - Existe sim um discurso intolerante e preconceituoso, baseados em uma interpretação equivocada da Bíblia.
IDENTIDADE - Considera que algum discurso religiosos, direta ou indiretamente, afeta de forma prática a liberdade ou os espaços, as conquistas do público LGBTs? Poderia citar exemplos disso? Você já foi sentiu-se afetado de alguma forma pelo discurso religioso?
LDG - O discurso que me afeta diretamente é o que afeta todos os brasileiros. Uma bancada evangélica despreparada retrocedendo direitos conquistados, não só dos Gays, mas de diversas áreas em nome de suas crenças. Isso me incomoda profundamente. O Estado é Laico, mas não é Ateu. Há espaço para todas as religiões no congresso, mas a hegemonia é apenas de uma, fortemente coligada e nociva a democracia.
IDENTIDADE - A Bíblia é um dos símbolos mais fortes do Cristianismo, e em determinados trecho se coloca contrário a práticas diferentes da heterossexual. Qual sua posição sobre o Livro Sagrado, e como você observa o uso de sua mensagem contemporaneamente?
LDG - A Bíblia não é a Bíblia. Ou melhor, a Bíblia foi editada por Constantino no Século III d. C. em Roma. Editada para seguir os interesses daquela época. Procriar e formar exércitos é um desses interesses. Não conheço o trecho mencionado, mas acredito que a Bíblia seja tão complexa de se entender que o trecho possa ter sido mal interpretado. Para cada interpretação temos uma nova religião do braço cristão. Temos milhares delas.
IDENTIDADE - Considera ser possível uma relação pacífica entre homossexuais e cristãos? Caso sim, em que condições e como poderia chegar a este ponto? Caso não, de que mecanismos podemos nos valer para que os dois grupos tenham seu espaço garantido na sociedade?
LDG - Sim. Acredito que todos procuram a felicidade, respeito e amor. Para os Cristãos mais preocupados é válido lembrar que Roma já foi queimada para exterminá-los, que há conflitos na Irlanda entre Católicos e Cristãos, que o mundo nem sempre foi favorável ao discurso evangélico. Os direitos e o respeito foram conquistados com bastante luta. Não há motivo para eles quererem cercear os direitos dos homossexuais ou de outro grupo, uma vez que o direito deles já foi cerceado no passado. Há de haver Tolerância e respeito. Coexistência pacifica e a negação do discurso do ódio.
IDENTIDADE - Considera que os cristãos estejam vivendo um momento de discriminação? Digamos que, talvez em nome de algumas vozes intolerantes cristãs na mídia, a denominação tem sido taxada de intolerante?
LDG - Sim, tenho amigos cristãos que nunca me trataram mal e sempre me respeitaram. Por isso dirijo minhas críticas aos cristãos “raivosos”: uma minoria conservadora que tenta disseminar um discuso absurdo de ódio e intolerância. Entretanto, acredito que, se há uma “discriminação”, essa, de forma nenhuma, cerceia direitos políticos e sociais que os Gays lutam para conquistar. Ninguém será agredido por ser cristão, com exceção na Irlanda do Norte.
IDENTIDADE - Certamente existem outros discursos que podem ser preconceituosos além do viés religioso. Você poderia nos citar outros com os quais tem ou teve contato
LDG - Muitas vezes o discurso intolerante vem travestido de ‘bom conselho’, ou através do Machismo que insiste em reafirmar sua condição sexual e ofender as demais. Quando vemos alguma brincadeira em relação a agredir Gays ou Lésbicas partindo destes grupos temos um bom exemplo.
IDENTIDADE - No meio acadêmico (dentro da UFABC), você já foi submetido a alguma discriminação em função de sua orientação sexual? Nessa situação, caso tenha acontecido, percebeu-se alguma relação com valor religioso?
LDG - Não, nenhum preconceito. Ainda bem.
IDENTIDADE - O meio acadêmico costuma ser considerado mais livre de preconceitos e mais propício às diversidades. Considera que esta ideia se aplica a UFABC?
LDG - O nome mesmo já diz: Universidade é o Universo de Diversidade. Não só sexuais e religiosos, mas de convicções políticas, gostos musicais, opiniões sobre amor, drogas e Rock in Roll. A UFABC é um bom exemplo disso. Nunca sofri aqui nenhuma descriminação, mas acredito que deva haver um direcionamento sério para os ingressantes, a fim de tirar dúvidas e integrar o novo aluno. Acredito que a UFABC Diversidade e a Comunidade Prisma Já façam isso, mas é preciso de mais.
IDENTIDADE - Qual foi a importância do Prisma na sua integração ao meio acadêmico?
LDG - Quando eu entrei no Prisma já estava integrado, já tinha amigos que sabiam da minha condição sexual. Nunca fui às reuniões, acompanho o debate pelo grupo no Facebook. Conheço de vista a lideranças, são pessoas excelentes e muito inteligentes. Fiz amigos sim no Prisma, mas hoje não tenho, infelizmente, tempo disponível para fomentar outras.
Entrevista DSP –
20
A entrevista com DSP foi realizada através de conferência pelo Skype
e seguiu o mesmo roteiro dos demais participantes. Procurou-se investigar a
posição da entrevistada sobre valores cristãos, a influência desses valores na
sua vida.
DSP é do gênero feminino e se afirma homossexual. Tem uma relação
fixa há mais de dois anos e tem vontade de constituir um lar com sua parceira
muito em breve. Estão se preparando para essa junção que deve acontecer até o
fim do próximo ano. Trabalha nas proximidades da faculdade. Aprecia teatro e é
admiradora de vinhos.
.
IDENTIDADE –
Como você define sua relação com Deus e com as religiões? Conte um pouco sobre
sua história com o meio religiosos. Caso tenha sido participante de alguma
denominação religiosa, ou ainda seja participante de alguma denominação,
conte-nos como acontece essa relação.
DSP – É bem
difícil no Brasil dizer que é neutro às religiões. Minha família é católica,
praticante, daqueles que vão a missa mais de uma vez por semana e se envolvem
em várias atividades. Tive forte influência da igreja em minha vida até os 16
anos, quando passei a não acompanhar minha família com tanta frequência. Eu
sempre ia as atividades da igreja, mas apenas pra acompanhar meus pais. Eu não
acreditava naqueles rituais todos, ia lá como se fosse a um lugar qualquer.
Nessa época também comecei e me perceber gostando de outras garotas e na
paróquia que frequentava a homossexualidade não era muito aceita. Havia muitas
famílias tradicionais, muitos idosos e era tudo conservador demais. Então não
me sentia muito bem ali e não me sentia confortável em estar num lugar que não
era aceita do meu jeito. Conheci um pessoal do Candomblé, aqui da região do ABC
mesmo, mas também não gostei muito. Acho que na verdade não gosto de rituais e
as religiões são cheias deles. Não tenho como afirmar sobre Deus, pois tenho
muitas dúvidas quanto a Ele. São tantas informações que chegam sobre Deus que
me confundem, mas creio que exista força ou ser que conduz o universo, e é a
isto que recorro no mundo além da matéria.
IDENTIDADE – Então é bem provável que valores cristãos não tenham influenciado muito sua trajetória na sua descoberta e afirmação sobre si mesma ...
DSP – Não é bem
assim. Como disse, minha família é católica e tem valores muito fortes ligados
a igreja e de alguma forma eu não os ignoro, apenas tenho dúvidas. Tive que
conversar com minha família, pois pouco depois dos 16 anos já comecei uma
relação com outra mulher. Não foi nada fácil e tudo o que se falava era que eu
devia pedir orientação ao padre, que eu deveria lembrar das palavras bíblicas,
que eu estava cometendo um dos maiores pecados, ouvi muita coisa. Até hoje,
minha sexualidade não é bem aceita em casa. Sou aceita como filha, como irmã,
sobrinha, neta, mas na esperança que mude. As vezes eu penso que evito me
aproximar da igreja para não ter que confronta-la comigo mesma.
IDENTIDADE – Contou com apoio de amigos ou parentes mais distantes? Quem foi seu apoio nesse momento?
DSP – Nesse
momento meu maior apoio era minha namorada na época que já tinha vivido essa
situação e pode ter uma postura mais calma. Alguns amigos também foram
importantes, a maioria homens porque muitas de minhas amigas se afastaram um
pouco. Boa parte delas era da mesma paróquia que eu frequentava.
IDENTIDADE – Considera que existe intolerância por parte de alguma denominação religiosa contra a diversidade sexual, ou o termo intolerância, nesse caso é inadequado? Existiria um exagero em considerar algum discurso religioso sobre a diversidade sexual como preconceituoso?
DSP – Acho que
existe sim e me deixa com muita raiva ter que ouvir de alguns religiosos que é
um discurso de “amor ao perdido”. Numa certa ocasião que fui a uma igreja
evangélica, convidada por uma amigo, que gosto muito, o reverendo pregava sobre
castidade, pureza e coisas do tipo e em um determinado momento, se referiu as
relações homossexuais. Lembro que ele disse as palavras “que coisa suja e
nojenta”. Dá pra pensar nisso como um discurso de amor? Eu penso que algumas
igrejas são o refúgio perfeito para quem não gosta de gays, de profissionais do
sexo e outros tipos de grupos sociais. Eles sempre acham algo na Bíblia pra
usar contra isso ou contra aquilo. É até difícil colocar isso dessa forma,
porque também há pessoas nas igrejas que agem diferente e promovem sim o amor
ao próximo, a caridade, mas parece que o momento é de quem levanta a bandeira
do preconceito.
IDENTIDADE – Considera que algum discurso religiosos, direta ou indiretamente, afeta de forma prática a liberdade ou os espaços, as conquistas do público LGBTs? Poderia citar exemplos disso? Você já foi sentiu-se afetado de alguma forma pelo discurso religioso?
DSP – Considero
sim porque esse discurso é tão integrado em nossa sociedade que nem sempre o
percebemos. Não nos damos conta de como nosso pensamento é ligado aos valores
cristãos. É como o machismo. Está tão em nós que nem o percebemos mais. Hoje, o
que mais me preocupa se refere a união civil homoafetiva. Pretendo unir-me em
breve e construir o que chamo de família. Talvez as questões da lei estejam
caminhando, mas no campo da moral a minha relação ainda está longe de ser
considerada família na visão de grande parte da sociedade. E acho que isto tem
uma forte ligação com os valores da igreja.
IDENTIDADE – A Bíblia é um dos símbolos mais fortes do Cristianismo, e em determinados trecho se coloca contrário a práticas diferentes da heterossexual. Qual sua posição sobre o Livro Sagrado, e como você observa o uso de sua mensagem contemporaneamente?
DSP – Eu
sinceramente não conheço bem a Bíblia, mas sei que ela muitas vezes foi usada
para me machucar enquanto mulher homossexual. Eu gostaria de estuda-lo e
entendê-lo, mas me falta disposição. Queria saber sobre essas passagens que
costumam usar contra nós e um dia terei esta oportunidade. Mas por enquanto,
não vou dizer sobre o que não conheço.
IDENTIDADE – Considera ser possível uma relação pacífica entre homossexuais e cristãos? Caso sim, em que condições e como poderia chegar a este ponto? Caso não, de que mecanismos podemos nos valer para que os dois grupos tenham seu espaço garantido na sociedade?
DSP – Conviver
pacificamente é quase uma ilusão. Somos todos diferentes às vezes querendo
ocupar o mesmo espaço. É difícil que isso aconteça. O que precisamos é
fortalecer os valores democráticos para garantir que as diferenças possam
existir e achar espaços para cada uma delas
IDENTIDADE – Achar espaço para cada uma delas?
DSP – Sim,
estabelecer limites para cada discurso de modo a garantir os espaços dos
outros.
IDENTIDADE – Considera que os cristãos estejam vivendo um momento de discriminação? Digamos que, talvez em nome de algumas vozes intolerantes cristãs na mídia, a denominação tem sido taxada de intolerante?
DSP – Não creio,
apenas estão sendo contra-atacados pelo tipo de segregação que querem promover.
Isso me referindo ao nosso país, fora daqui, ouço falar que outras religiões os
perseguem.
IDENTIDADE – Certamente existem outros discursos que podem ser preconceituosos além do viés religioso. Você poderia nos citar outros com os quais tem ou teve contato? Quais as frases que considera preconceituosas que tem contato com mais frequência?
DSP – Não sou
muito atenta a estas coisas. Evito ficar me colocando como vítima de
preconceito. Sei que o preconceito existe, mas tento não ligar muito para isso.
Procuro ignorar, mas ouço muitas piadas, ou coisas do tipo que as lésbicas
perdem sua feminilidade. Acontece com algumas, porém não todas. Isso me
incomoda um pouco, mas isso é dito por que existe por parte de algumas uma
perda da feminilidade. O que é uma opção de cada uma.
IDENTIDADE – No meio acadêmico (dentro da UFABC), você já foi submetido a alguma discriminação em função de sua orientação sexual? (Caso si, aponte se foi por parte de outro aluno, de TA, de Docente, de Segurança e caso sinta-se a vontade, relate brevemente). Nessa situação, caso tenha acontecido, percebeu-se alguma relação com valor religioso?
DSP – Em certa
ocasião numa festa que fui com minha parceira, fomos repreendidas por
demonstrarmos afeto em excesso e essa repreensão partiu de um colega que faz
parte de um grupo da universidade. Curiosamente, já o tinha visto na mesma
noite sendo bem mais afetivo que eu com diversas parceiras. Também já ouvi
comentários de uma professora em sala que achei preconceituoso.
IDENTIDADE – O meio acadêmico costuma ser considerado mais livre de preconceitos e mais propício às diversidades. Considera que esta ideia se aplica a UFABC? Aponte suas razões para sua resposta e possíveis rumos que podemos tomar para aproximar a UFABC de uma espaço mais aconchegante às diversidades.
DSP – Me parece
longe de ser um espaço livre. Talvez no seu ideal, mas na prática reflete a
diversidade e a intolerância que tem o mundo fora do meio universitário. A
mudança só poderá ocorrer se houver um trabalho contínuo de integração dos
alunos e tolerância a diversidade e só veremos resultados disso depois de um
bom tempo.
IDENTIDADE – Qual foi a importância do Prisma na sua integração ao meio acadêmico?
DSP – Conheci
pessoas maravilhosas no Prisma que formam uma base sólida de apoio quando
preciso. Essa é a maior importância pra mim, sentir que não estou só.
Evento
By : Identidade e Cultura
Copa São Paulo de Vôlei Feminino: São Cristóvão Saúde/São
Caetano X São Bernardos Vôlei – Fase Classificatória.
O esporte sempre
teve a característica de reunir pessoas divididas em grupos de torcidas. Isso
por seu caráter competitivo. Especialmente tratando de identidades nacionais ou
identidade de grupos, as competições esportivas são capazes de despertar o
sentimento de pertencimento em torno de um time. No Brasil, isso fica bem claro
no Futebol: pergunte a qualquer brasileiro por qual time ele torce, e poucas
vezes, ouvirá uma resposta dizendo não ter um time.
Escolhemos um
evento esportivo, diferente do futebol e um campeonato feminino para observar
se ele mobilizaria torcida na cidade de São Bernardo do Campo. Então, fomos ao
jogo da Liga Estadual de Vôlei Feminino onde competiam por uma vaga nas semi finais São Caetano e São Bernardo do
Campo.
O jogo aconteceu em 11/09/2013 no Ginásio
Poliesportivo Adib Moyses Dib, localizado a Av. Robert Kennedy, 1155 em São
Bernardo do Campo, local que já abrigou diversas competições, inclusive
internacionais das mais variadas modalidades. Com capacidade para 5.000
torcedores, é considerado pela Secretaria de Turismo local, um dos mais
modernos do Estado.
Pudemos antes de assistir a partida, apreciar o
movimento na Feira Noturna do Poliesportivo, realizada às quartas-feiras das 17
às 22h, quando aproveitamos para compor as energias para torcer pelo São
Bernardo. Passamos pelas diversas bancas que vendiam as tradicionais comidas de
feira: pastel, crepe, tapioca, acarajé, pizza de cone, sobremesas de milho,
caldo de cana, e outras. Os cheiros nos tentavam a experimentar cada uma das
variedades. O local estava bem movimentado e o público, em boa parte parecia
estar voltando do trabalho. Havia um bom movimento nas bancas de legumes, de
frutas, de carnes, mas o grande movimento era nas que vendiam pasteis. Depois
de devidamente alimentados, seguimos em direção ao ginásio, ao lado da feira,
empolgados para prestigiar a participação do São Bernardo.
A entrada para o evento era franca e mesmo não
sendo em fim de semana, esperávamos um bom movimento ali dentro, o que não
aconteceu. Havia ali, talvez menos gente que na feira ao lado, cerca de 200
torcedores, boa parte deles vindos da feira, com o pastel em mãos para confirmar.
Pudemos escolher tranquilamente o lugar para nos acomodar. Diferente do que
vemos no futebol, nenhuma torcida com camisa do time ou bandeiras. Equilíbrio
entre mulheres e homens nas arquibancadas e boa parte aparentava ter entre 15 e
25 anos. Ao chegarmos, os times estavam na fase final de aquecimento, logo
anunciaram a escalação de cada time e deu-se o início da partida.
A partida seria disputada em Sets de 21 pontos,
vencendo a equipe que primeiro fechasse três Sets. Em todos os períodos, a
situação não foi diferente para o time de São Bernardo que permaneceu sempre
atrás no placar. Superior na maioria dos fundamentos, o São Cristóvão/São
Caetano abria sempre boa vantagem de pontos no início de cada Set e depois
seguia administrando o placar. O São Bernardo tentava reação mas parecia
dominado e não conseguia sequer o empate, mesmo com o apoio da torcida que
participava a cada ponto conquistado. Depois de 1 hora e 5 minutos de jogo, o
São Cristóvão derrotou o São Bernardo por 3X0 com parciais de 21X17 – 21X19 –
21X16, sendo o pior resultado para o São Bernardo nessa competição, sendo a
terceira derrota em três partidas.
Mesmo não havendo uma torcida organizada, as
pessoas que prestigiavam a competição, se manifestavam intensamente a favor do
time da casa e muitas pessoas ali, gritavam o nome de algumas jogadoras, em
especial da número 15, Jéssica. Essa animação continuou até o último apito,
mesmo com o time em desvantagem. Como bons torcedores, não esqueceram dos
árbitros e suas mães. Embora não se tratasse da paixão nacional, também não
sendo um campeonato masculino, a animação era a mesma. Percebeu-se que os
presentes foram contagiados por aquele clima de competição e logo se
identificaram com o time local. Não temos como afirmar sobre a origem dos torcedores
presentes, mas naquele momento, o São Bernardo Vôlei os representava.
Mandou bem:
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Localização do ginásio
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Acesso às arquibancadas
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O evento era gratuito
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A feira ao lado do ginásio
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A torcida passava a impressão de clima familiar
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A música
Deixou a desejar:
ü
Limpeza do ginásio
ü
Estrutura do ginásio parece mal cuidada
ü
A divulgação dos jogos da Copa São Paulo foi
tímida
ü
Os funcionários não sabiam prestar informações
sobre o evento
ü
Os banheiros não estavam limpos
ü
Os vendedores ambulantes não estavam organizado
ü
Ausência de cobertura do evento pela imprensa
Impressões pessoais :
Hugo Benamy.
Tive diferentes impressões nesse passeio. A começar da feira que é um lugar que me atrai pela sua variedade de coisas: são muitas cores, cheiros, pessoas diferentes, e som característico dos feirantes anunciando seus produtos. Percebi a presença do pessoal da UFABC que aproveita as quartas-feiras para alternar ao cardápio do RU. Os aromas das bancas de lanches são tentadores, um convite a experimentar cada uma das comidas.
O jogo não trouxe fortes emoções. No time do São Bernardo, o principal destaque foi a jogadora Jéssica, camisa 15, que em determinado momento foi substituída, fazendo a torcida se manifestar contra. Pessoalmente, fui desanimando no decorrer da partida, percebendo que não haveria chances de uma reação do time de São Bernardo. Quanto ao ginásio, me causou um impressão de descuidado especialmente na parte da arquibancada. Um ponto que me chamou atenção foi o mural de informações do ginásio. Nele havia um cartaz propagando o curso de dança circular da UFABC. Interessante a tentativa da universidade em integrar a comunidade às suas atividades.
Após o jogo, me senti cansado e retornei a minha casa, na cidade de São Paulo. Fiquei pensando no caminho sobre o pouco público presente, isso se devia a pouca divulgação ou se não há interesse por campeonatos regionais de vôlei? E o que acontece para o principal ginásio esportivo da cidades não receber mais atenção? No dia seguinte estava cansado, e comparava o passeio a outros que o grupo fez. Conclui que este jogo foi interessante para observar a comunhão da comunidade de São Bernardo do Campo em torno de um evento esportivo, e particularmente por ser a primeira vez que entrei no Poliesportivo e também a primeira .
André Simon
Eu não pude aproveitar adequadamente, pois estava preocupado com o jogo da Lusa contra o Vasco no Canindé, o qual a Lusa venceu por 2 a 0. Mas tive boa impressão em relação ao público presente. A partida terminou muito rapidamente por causa da diferença técnica entre os dois times, superioridade do time de São Caetano. O jogo contado em Sets de 21 pontos também ajudou a celeridade da partida. Me chamou atenção a postura das jogadoras do São Bernardo, que mesmo perdendo, não desanimavam. No dia seguinte, estava cansado, pois em seguida à partida, ainda segui apressadamente para assistir ao final do jogo Portuguesa X Vasco, junto ao meu irmão.
Viviane
O jogo foi uma boa experiência, principalmente por ser o primeiro jogo com times oficiais das cidades de São Bernardo do Campo e de São Caetano ao qual eu assisti. A torcida não estava em grande número, mas os que estavam presentes vibravam e aplaudiam nos pontos finais de cada set. Haviam muitos jovens na torcida, um pequeno grupo inclusive foi abordado por policiais que estavam no Ginásio por estarem espalhando lixo na arquibancada. O jogo não foi muito empolgante porque o time de São Caetano ganhou os três primeiros sets, e o time de SBC não mostrou muita habilidade.
No dia seguinte, a recordação principal do jogo foi um pouco de frustração por ver o time de SBC perder tão facilmente, e a boa lembrança do sabor da tapioca de chocolate que eu havia experimentado, que fora comprada na feira que fomos antes do jogo.
Jéssica.
Gosto muito de esportes e estava animada para assistir a este jogo. Nunca tinha visto o time de São Bernardo jogando mas definitivamente já era o meu escolhido para torcer. Antes do jogo, naturalmente, aproveitamos a chance de ir na feira. Sempre tao esperada pelos alunos da UFABC, já que assim podem fujir do RU. Como sempre foi muito agradável. Cada um dos integrantes escolheu o seu lanchinho e logo em seguida nos dirigimos ao Poliesportivo.
A partida foi bastante rápida A diferença técnica dos times era gritante mas ainda assim tivemos alguns pontos emocionantes. Vale destacar a jogadora numero 15, Jessica, que melhorava a qualidade do time sempre que estava em quadra. No dia seguinte , pensei bastante sobre o esporte brasileiro como um todo. A falta de apoio que enfrentam outros esportes que não o futebol. Aquele poliesportivo tem qualidade pra receber partidas de alto nível. Muitos dos atletas que jogam nesse campeonato são de alto nível mas mesmo com as portas abertas as arquibancadas estavam vazias. Vemos ai, que não e um problema apenas por parte dos que governam...
Bruno
Nos encontramos na feira ao lado do Poliesportivo. Sempre muito agradável, nos divertimos esperando pelos outros integrantes do grupo e também na hora de escolher o "jantar". Foi um tempo de integração e confraternização pro grupo, afinal eh muito difícil conseguirmos nos reunir sem que falte alguém.
Depois de passar esse tempo na feira, nos dirigimos ao Estadio e pude notar um pouco da desorganização do evento. O estadio estava vazio e conseguimos escolher os nossos lugares com facilidade. A partida foi rápida e foi divertido torcer pelo time da cidade. Infelizmente perdemos a partida mas a torcida estava la apoiando e a cada ponto do time da casa a torcida vibrava bastante.
No dia seguinte ficou a ideia de ir assistir uma partida da Super Liga Também percebemos a importância do acordo entre Ufabc- Poliesportivo, no qual os alunos da Ufabc tem a chance de treinar em determinados dias e horários nessa quadra que recebe eventos de alto nível.
Scott
Achei a partida um tanto rapida e isso foi bom, porque nao estava muito interessante. O time de Sao Bernardo se mantave atras no placar durante todo o jogo, não ganhou um único set. A melhor parte desse evento, definitivamente foi a feira. Sempre com uma diversidade incrível foi difícil escolher o que comer. Decidimos no fim que cada um escolheria seu próprio prato, o sucesso e agradável surpresa da noite ficou por conta das tapiocas.
Sobre o dia seguinte a ideia que se manteve foi repetir o passeio. Mas indo assistir um jogo da Super Liga que teria uma partida dentro de algumas semanas e claro apresentaria uma qualidade tecnica muito maior e um jogo mais equilibrado e disputado e portanto mais divertido pra quem assiste. Vale destacar o mural do poliesportivo onde encontramos um cartaz da UFABC.
Janaina
Nao costumo praticar esportes mas gosto de acompanhar partidas especialmente futebol. Então quando surgiu a ideia desse evento fiquei muito interessada. Infelizmente o time de Sao Bernardo não se saiu muito bem e a partida terminou bem rápido. O que permitiu que Andre fosse ao jogo do Lusa, pensei em me juntar a ele e seu irmão mas os dois times não me chamaram atenção Definitivamente se fosse um jogo do Sao Paulo e Lusa teria ido também.
No dia seguinte a impressão foi de ter ido a um agradável evento e a possibilidade de ir a outras partidas animava não só a mim mas a vários outros integrantes do grupo.
Jose Sou fã de futebol, costumo assistir jogos e frequento estádios, também gosto muito de corridas e essa foi uma ótima oportunidade para conhecer o Estadio e apoiar o vôlei local. Infelizmente mesmo sendo uma partida gratuita não tinha muita gente e notamos a evidente falta de apoio aos esportistas brasileiros. Notei que boa parte das pessoas que estavam no estadio tinham ido a feira. Na feira aproveitei pra apreciar um belo acarajé com bastante pimenta enquanto nos preparávamos para ir assistir ao jogo.
No dia seguinte o dia foi bastante atarefado, mas ficou a sensação de ter aproveitado bem a noite. Definitivamente recomendarei o evento para amigos, afinal, temos que apoiar o esporte brasileiro.
Gosto muito de esportes e estava animada para assistir a este jogo. Nunca tinha visto o time de São Bernardo jogando mas definitivamente já era o meu escolhido para torcer. Antes do jogo, naturalmente, aproveitamos a chance de ir na feira. Sempre tao esperada pelos alunos da UFABC, já que assim podem fujir do RU. Como sempre foi muito agradável. Cada um dos integrantes escolheu o seu lanchinho e logo em seguida nos dirigimos ao Poliesportivo.
A partida foi bastante rápida A diferença técnica dos times era gritante mas ainda assim tivemos alguns pontos emocionantes. Vale destacar a jogadora numero 15, Jessica, que melhorava a qualidade do time sempre que estava em quadra. No dia seguinte , pensei bastante sobre o esporte brasileiro como um todo. A falta de apoio que enfrentam outros esportes que não o futebol. Aquele poliesportivo tem qualidade pra receber partidas de alto nível. Muitos dos atletas que jogam nesse campeonato são de alto nível mas mesmo com as portas abertas as arquibancadas estavam vazias. Vemos ai, que não e um problema apenas por parte dos que governam...
Bruno
Nos encontramos na feira ao lado do Poliesportivo. Sempre muito agradável, nos divertimos esperando pelos outros integrantes do grupo e também na hora de escolher o "jantar". Foi um tempo de integração e confraternização pro grupo, afinal eh muito difícil conseguirmos nos reunir sem que falte alguém.
Depois de passar esse tempo na feira, nos dirigimos ao Estadio e pude notar um pouco da desorganização do evento. O estadio estava vazio e conseguimos escolher os nossos lugares com facilidade. A partida foi rápida e foi divertido torcer pelo time da cidade. Infelizmente perdemos a partida mas a torcida estava la apoiando e a cada ponto do time da casa a torcida vibrava bastante.
No dia seguinte ficou a ideia de ir assistir uma partida da Super Liga Também percebemos a importância do acordo entre Ufabc- Poliesportivo, no qual os alunos da Ufabc tem a chance de treinar em determinados dias e horários nessa quadra que recebe eventos de alto nível.
Scott
Achei a partida um tanto rapida e isso foi bom, porque nao estava muito interessante. O time de Sao Bernardo se mantave atras no placar durante todo o jogo, não ganhou um único set. A melhor parte desse evento, definitivamente foi a feira. Sempre com uma diversidade incrível foi difícil escolher o que comer. Decidimos no fim que cada um escolheria seu próprio prato, o sucesso e agradável surpresa da noite ficou por conta das tapiocas.
Sobre o dia seguinte a ideia que se manteve foi repetir o passeio. Mas indo assistir um jogo da Super Liga que teria uma partida dentro de algumas semanas e claro apresentaria uma qualidade tecnica muito maior e um jogo mais equilibrado e disputado e portanto mais divertido pra quem assiste. Vale destacar o mural do poliesportivo onde encontramos um cartaz da UFABC.
Janaina
Nao costumo praticar esportes mas gosto de acompanhar partidas especialmente futebol. Então quando surgiu a ideia desse evento fiquei muito interessada. Infelizmente o time de Sao Bernardo não se saiu muito bem e a partida terminou bem rápido. O que permitiu que Andre fosse ao jogo do Lusa, pensei em me juntar a ele e seu irmão mas os dois times não me chamaram atenção Definitivamente se fosse um jogo do Sao Paulo e Lusa teria ido também.
No dia seguinte a impressão foi de ter ido a um agradável evento e a possibilidade de ir a outras partidas animava não só a mim mas a vários outros integrantes do grupo.
Jose Sou fã de futebol, costumo assistir jogos e frequento estádios, também gosto muito de corridas e essa foi uma ótima oportunidade para conhecer o Estadio e apoiar o vôlei local. Infelizmente mesmo sendo uma partida gratuita não tinha muita gente e notamos a evidente falta de apoio aos esportistas brasileiros. Notei que boa parte das pessoas que estavam no estadio tinham ido a feira. Na feira aproveitei pra apreciar um belo acarajé com bastante pimenta enquanto nos preparávamos para ir assistir ao jogo.
No dia seguinte o dia foi bastante atarefado, mas ficou a sensação de ter aproveitado bem a noite. Definitivamente recomendarei o evento para amigos, afinal, temos que apoiar o esporte brasileiro.
Tayana
Não sou muito fã de esportes, mas
confesso que realmente gostei deste jogo, não apenas da partida, mas do clima em
si. Contamos com uma torcida vibrante que apoiava a equipe da casa mesmo vendo que nao fazia uma boa atuação e desde o inicio caminhava para uma derrota. O fato da entrada ser gratuita e a diversidade gastronomica da feira ao lado só enriqueceram o evento.
Quanto ao dia seguinte, fiquei com a impressão de ter ido a um bom e animado evento, também fiquei pensando que aceitaria ir a outras partidas esportivas, pois foi surpreendentemente bom.
Jonathan
Quando soube que iriamos assistir a uma partida, logo me manifestei positivamente dizendo que gostei da ideia. Acho o vôlei um esporte formidável, é meu segundo esporte favorito, perdendo apenas para o popular futebol. Notei, e não podia ter deixado de notar, que algumas jogadoras pareciam acima do peso para uma atleta que treina regularmente e leva uma vida saudável, porém outras estavam bem em forma.
No dia que sucedeu o jogo, me senti satisfeito por ter participado desta experiência e achei que deveriamos fazer isso mais vezes, pois além de ser uma experiencia que muito nos agrega, é divertido e desestressante.
Jonathan
Quando soube que iriamos assistir a uma partida, logo me manifestei positivamente dizendo que gostei da ideia. Acho o vôlei um esporte formidável, é meu segundo esporte favorito, perdendo apenas para o popular futebol. Notei, e não podia ter deixado de notar, que algumas jogadoras pareciam acima do peso para uma atleta que treina regularmente e leva uma vida saudável, porém outras estavam bem em forma.
No dia que sucedeu o jogo, me senti satisfeito por ter participado desta experiência e achei que deveriamos fazer isso mais vezes, pois além de ser uma experiencia que muito nos agrega, é divertido e desestressante.





